Breve cronologia histórica da Amadora

 • Paleolítico - Trata-se de um período extenso ao longo do qual a humanidade conheceu uma significativa evolução física e cultural, desde os primeiros hominídeos, que apareceram em África aproximadamente 4 milhões de anos antes do presente, até aos humanos anatomicamente modernos, que surgiram há cerca de 200.000 anos, expandindo-se igualmente fisicamente por todo o planeta. No atual território da Amadora, foram encontrados utensílios em pedra lascada produzidos por estes primeiros humanos (bifaces, as lascas levallois, raspadores, buris e furadores), revelando a mais antiga presença dos mesmos na região. As comunidades desta época alimentavam-se do que recolhiam na natureza, ou seja, da caça de animais e da recoleção de plantas, frutos e tubérculos, pelo que não viviam sempre no mesmo lugar, eram nómadas. Os sítios arqueológicos mais importantes na Amadora são Alfragide Primeiro/Serra de Carnaxide e Campo de Aviação/Casal do Borel. 


Neolítico e Calcolitico - Neste período a humanidade vivia em comunidades que se distinguiam das anteriores (paleolíticas) por serem as primeiras a praticar a agricultura e iniciarem o processo de sedentarização. Surgem as primeiras cerâmicas, com diversas formas e funções, bem como diversos utensílios associados à pratica agrícola e aos primeiros assentamentos habitacionais. Na Amadora, os vestígios encontrados nos povoados da Espargueira/Serra das Éguas, Moinhos do Penedo e Baútas revelam uma ocupação permanente do local neste período. Entre os monumentos funerários destaca-se a Necrópole de Carenque, construída no Neolítico Final e associada à chamada cultura megalítica, com 3 sepulturas coletivas escavadas na rocha, onde foram encontradas placas de xisto decoradas, ídolos em calcário, bem como figuras zoomórficas.


Idade do Bronze e Idade do Ferro - Na idade do Bronze as sociedades humanas tornam-se mais complexas e hierarquizadas que nos períodos anteriores. Os povoados das Baútas, Moinho da Atalaia Oeste, e Casal de Vila Chã Norte e Sul são alguns dos sítios que materializaram esta nova sociedade. Surgem diverso elementos metálicos, grandes contentores cerâmicos para armazenagem, e abundantes elementos líticos de foice. A ocupação humana durante a Idade do Ferro está atestada no concelho da Amadora provavelmente ainda no século VI a.C.. Os vestígios arqueológicos encontrados indicam que estas comunidades se inseriam num ambiente cultural de influência mediterrânica e orientalizante.


Período Romano - No Ocidente Peninsular o domínio Romano deu origem a um período de significativas transformações na vida dos habitantes locais. Nesta época a Amadora, constituía uma zona rural periférica à urbe de Olissipo (actual Lisboa), na província da Lusitânia. A Villa Romana da Quinta da Bolacha e o Aqueduto Romano são bons exemplos desta ocupação. Dos materiais encontrados, destaca-se ao nível das cerâmicas os pratos e taças em Terra Sigillata, fragmentos de copos e taças em vidro, moedas em bronze, agulhas em osso, fíbulas e lucernas.


Período Paleocristão – Idade Medieval - Idade Moderna - Com o fim do Império Romano, a vida das populações locais vai sofrer inúmeras mudanças. As últimas fase de ocupação da Vila Romana da Quinta da Bolacha são deste período, denominado igualmente de Paleocristão. Nas imediações foi descoberta uma necrópole da fase final deste período (século VII d.C.), poucos anos antes da invasão islâmica da Península Ibérica. Da época islâmica restam poucos vestígios, salientando-se uma moeda muçulmana encontrada na área da antiga Villa Romana. A povoação que surgiu sobre as ruinas desta Villa terá dado origem à aldeia da Falagueira, local com a mais antiga referência histórica da Amadora (século XIV). Com origem provável nesta época, atendendo a alguns elementos estruturais e arquitetónicos do edifício, salienta-se o Casal da Falagueira estando associada à Ordem de Malta, sendo apenas segura a ocupação deste edifício a partir do século XVI.



Séculos XVIII e XIX

A Amadora Rural - No século XVIII são já referenciadas diversas localidades na área atual do município da Amadora, dedicados à produção agrícola para abastecer Lisboa. Nestes lugares viviam pequenos agricultores e trabalhadores do campo, moleiros, padeiros, pedreiros e operários de pequenas indústrias manuais. As suas casas eram simples, muitas delas com soalhos feitos com antigas mós dos moinhos de vento. As mulheres ocupavam-se sobretudo dos trabalhos domésticos e na feitura do pão, lavagem de roupa, costura e trabalhos agrícolas.

As Quintas e grandes propriedades agrícolas - As linhas de água e as estradas reais vieram contribuir para que, a partir dos séculos XVII e XVIII esta zona fosse considerada como uma das principais regiões abastecedoras da cidade de Lisboa. Nesta época, entre os pequenos casais vão surgindo grandes quintas, muitas delas casas de campo da elite da capital Lisboa. A Quinta do Assentista, a Quinta do Outeiro ou Quinta de Nossa Senhora dos Prazeres, a Quinta dos Condes da Lousã ou Quinta Grande da Damaia são alguns exemplos na Amadora. 

O Aqueduto das Águas Livres - O Aqueduto das Águas livres é a maior obra de engenharia hidráulica do século XVIII em Portugal. Tem aproximadamente 58 Km de extensão (incluindo os seus ramais) e foi mandado construir por D. João V. Na zona da Amadora o Aqueduto capta a água de diversas nascentes, quando atravessa todo o Município desde os seus limites com Sintra e Odivelas até entrar em Lisboa na Buraca.  


Os Moinhos de Vento - A zona da Amadora foi uma das regiões da chamada zona saloia com mais moinhos para moagem de cereais no século XIX.O crescimento de Lisboa ao longo dos séculos XVIII e XIX levou à instalação maciça de moinhos de vento nos arredores para suprir as necessidades de fornecimento de farinha a Lisboa.

As Estradas Reais - No início do século XIX, o território da actual Amadora era atravessado por duas Estradas Reais: "Estrada Real Lisboa-Sintra" e "Estrada Real Lisboa-Mafra”, que vindas de Lisboa seguiam por uma só via comum até a Amadora, onde se separavam. Estas vias serviam para escoar os produtos da região, surgindo igualmente um conjunto de serviços de apoio aos viajantes, desde "casas de pasto" a mudas de cavalos, passando pelos mais variados estabelecimentos comerciais que vendiam os seus produtos junto às estradas.



Final do século XIX e início do século XX

A linha de comboio - A Porcalhota era no final do século XIX a mais importante povoação da região e estendia-se ao longo da Estrada Real, que a atravessava. Em 1887, foi inaugurada a linha de Sintra com o comboio a vapor. A estação dos caminhos-de-ferro foi instalada a alguma distância da Porcalhota, junto da Quinta da Amadora, desencadeando o desenvolvimento de uma nova povoação nesse local, devido à vinda de pessoas estranhas à Porcalhota e seus arredores, sobretudo pequena burguesia de Lisboa. 


Os primeiros Bairros da Amadora - Em 1887, com a Inauguração da Linha de Caminho de Ferro Lisboa-Sintra, o território da actual Amadora ganha uma nova centralidade. Se antes solares e casais se situavam ao longo das Estradas Reais, agora as habitações começam a agrupar-se à volta da estação de comboios. Surgem então diversas moradias, cuja arquitectura se enquadrava no âmbito do movimento revivalista e nacionalista “Casa Portuguesa”, das quais apenas restam dois exemplos significativos, a Casa Aprigio Gomes e a Casa Roque Gameiro.


Liga de Melhoramentos da Amadora - Com a fixação de novos habitantes na Amadora, associada à implantação da linha de comboio, a vida local começou a sofrer alterações. Em 1909 foi fundada a Liga de Melhoramentos da Amadora, que teve a sua origem na organização da primeira Festa da Arvore na Amadora, realizada em entre 29 de Março e 4 de Abril. A sua fundação tinha como objectivo principal criar melhores condições de vida para a população local.


Os primórdios da Aviação - A história inicial da aviação portuguesa encontra-se intimamente ligada à Amadora. Em 1917, realizou-se o 1º Festival Aéreo e em 1919, instalou-se na Amadora o Grupo de Esquadrilhas de Aviação Republica (GEAR) onde atualmente se situa a Academia Militar. Durante cerca de 25 anos partiram daqui as principais viagens aéreas nacionais. A época de ouro da aviação na Amadora acaba em 1938 quando, devido a deficiências nas pistas de terra batida do Borel, a recém-formada Aeronáutica Militar deslocou-se para Tancos.

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