Linha ferroviária Lisboa / Sintra

 A 2 de Abril de 1887 foi inaugurada a ligação ferroviária entre Lisboa e Sintra. O troço funcionava inicialmente entre Alcântara-Terra e Sintra, tendo sido posteriormente alargado para cobrir o percurso Rossio-Sintra, com inauguração do respetivo túnel, em junho de 1891.

Chegada inaugural do Larmanjat a Sintra, em Julho de 1873

Antes deste evento, houve algumas tentativas frustradas para fazer uma ligação ferroviária entre Lisboa e Sintra. A mais conhecida é a do duque de Saldanha, que em França tinha presenciado uma demonstração do sistema ferroviário Larmanjat – criado pelo engenheiro mecânico francês Jean Larmanjat – baseado num só carril em que encaixavam rodas localizadas no eixo central da locomotiva a vapor e das carruagens. Para estabilizar a composição existiam rodas laterais de apoio que assentavam numa superfície plana (passadeiras de madeira), colocadas em paralelo com o carril em ambos os lados.

Este sistema seria inaugurado a 2 de Julho de 1873, tendo a linha 26 km de extensão, com um trajeto entre Porta de Rego e Sintra, seguindo sensivelmente a estrada real. Os descarrilamentos e avarias eram constantes e os acidentes com passageiros também. Assim sendo, este serviço foi suspenso em Abril de 1875, reaberto mais tarde e encerrado definitivamente em 1877, devido à falência da empresa concessionaria.

A antiga estação da “Porcalhota”, com a anterior denominação.

Mas o progresso seguiria o seu caminho e um novo projeto, desta vez de uma verdadeira linha de comboio, acabou por ser implementado. No dia da inauguração, 2 de Abril de 1887, a nova linha férrea tinha 11 estações e 3 apeadeiros ao longo dos seus 23 kms, percurso que ainda hoje se mantém sem grandes alterações. As localidades estavam engalanadas, as filarmónicas tocaram, os foguetes estalaram e 7 comboios fizeram nesse dia Alcântara - Sintra - Alcântara, levando e trazendo cerca de mil pessoas.

No entanto, um dado importante para o futuro desenvolvimento da povoação foi o facto de a estação principal do caminho-de-ferro ter sido instalada a alguma distância do centro da Porcalhota, junto da Quinta da Amadora. Esta circunstância deu origem ao desenvolvimento de um novo aglomerado populacional, devido à vinda de pessoas estranhas à Porcalhota e aos seus arredores rurais, constituída sobretudo por pequena burguesia oriunda de Lisboa. Com o tempo, esta nova dinâmica urbana iria suplantar a centralidade da Porcalhota, que era até ao final do séc. XIX a mais importante povoação da região.


Comboio na passagem de nível na “Estrada Real”.

Unidade elétrica que esteve ao serviço na linha de Sintra (arquivo CP)

Texto: Eduardo Rocha e Isabel Silvestre

Bibliografia:

Jornal “O Ocidente”, nº304 (1 de junho 1887), Caminho de Ferro de Lisboa a Cintra”, L. De Mendonça Costa, pp. 126.

CALIXTO, Vasco (1987), “Páginas da História da Amadora”, Ed. Câmara Municipal da Amadora.

CD-ROM: História e Património, Câmara Municipal da Amadora.


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