Povoado da Espargueira / Serra das Éguas

Aspeto do Vale da Espargueira (foto ARQA)

Este sítio arqueológico foi descoberto por Manuel Heleno em 1932, no seguimento dos trabalhos arqueológicos que realizou na Necrópole de Carenque. Na altura, correspondeu os vestígios identificados numa vasta área a duas ocupações distintas, na Espargueira e na Serra das Éguas, de duas épocas igualmente diferentes, Neolítico Final/ Calcolítico Inicial e Calcolítico Final, respetivamente.

Fotografia dos trabalhos realizados por Manuel Heleno, retirada da publicação 1 da bibliografia.

Pese embora tivessem sido, entretanto, publicados diversos estudos sobre os materiais obtidos nessa intervenção inicial, bem como efetuadas algumas recolhas de superfície, nomeadamente pela ARQA,  apenas no início do século XXI foi possível efetuar novas intervenções arqueológicas, que foram desenvolvidos pelo Museu Municipal de Arqueologia da Amadora, de 2003 a 2008.

Contestando em parte o indicado por Manuel Heleno, estas últimas investigações apontam para a existência de um povoamento integrado no Neolítico Final/ Calcolítico Inicial, que ocupou dois espaços distintos (Espargueira e Serra das Éguas), numa elevação que apresenta uma forma aproximada de ferradura e ergue-se sobranceira à povoação de Carenque, por onde corre a ribeira com o mesmo nome. As datações absolutas obtidas nestes trabalhos apontam igualmente para essa mesma cronologia.

De qualquer forma não foi ainda esclarecida a proveniência dos fragmentos cerâmicos com decoração campaniforme (Calcolítico Final), que surgiram à superfície ou em contextos revolvidos.

Fotografia dos trabalhos desenvolvidos pelo Museu Municipal de Arqueologia da Amadora (foto MMA)

Em termos da sua implantação, salienta-se a relação de proximidade com a contemporânea Necrópole de Carenque, no topo da mesma elevação, mas igualmente com outras necrópoles próximas, como das Baútas e as antas do Monte Abraão, da Pedra dos Mouros e da Estria. Geograficamente, integra-se numa rede de povoados dessa época identificados na região, nomeadamente em Leceia (Oeiras), Vale de Lobos (Sintra), Parede (Cascais), Moinhos do Penedo (Amadora), entre outros.

Fotografia da base da cabana, da publicação 1 da bibliografia.

Nas sondagens feitas entre 2003 e 2008 foi possível identificar de uma base de cabana oval, testemunho de uma estrutura habitacional deste povoado. De entre o espólio recolhido destacam-se as cerâmicas com formas carenadas e com bordos denteados, vasos globulares, fragmentos de queijeira e “ídolos de cornos”, bem como fragmentos de cerâmica com decoração campaniforme. O espólio lítico (utensílios em pedra) é constituído essencialmente por industria laminar, maioritariamente em sílex, surgindo pontas de seta, lâminas e outros utensílios. Foram igualmente recolhidos dois fragmentos de placas de xisto gravadas, uma agulha em cobre, para além de diversos utensílios em osso.


Bibliografia:

1 -ENCARNAÇÃO, Gisela; ALMEIDA, Nelson (2017) – O povoado da Espargueira/Serra das Éguas: Trabalhos arqueológicos realizados entre 2003 e 2008. Amadora: ARQA – Associação de Arqueologia da Amadora/Câmara Municipal da Amadora. Relatórios,10.


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