Voo Amadora - Angola e regresso - 1930
A 30 de dezembro de 1930 partiu da Amadora, com destino a Angola, um dos voos pioneiros da aviação portuguesa. Acabou por ser a primeira viagem de longo curso com regresso no próprio avião, feita por aviadores portugueses. Foi concretizada pelo Tenente Humberto da Cruz, e pelo aviador Carlos Bleck, um dos principais pioneiros da aeronáutica em Portugal, tendo sido o primeiro piloto civil português.
Os aviadores no "Jorge de Castilho" (imagem retirada de Facebook/Museu do Ar) |
Esta iniciativa enquadrava-se nas tentativas levadas a cabo por dirigentes ligados à aeronáutica militar e civil junto do poder político, defendendo o estabelecimento de ligações aéreas entre a metrópole e as colónias, bem como a presença permanente de esquadrilhas de aviões militares nessas colónias.
O avião utilizado, que realizou todo o percurso, foi um De Havilland Moth, um biplano. Foi batizado de “Jorge Castilho” em homenagem ao Major Jorge Castilho, que a bordo do “Argos”, conjuntamente com Sarmento Beires e Manuel Gouveia, tinha efetuado em 1927 a primeira travessia aérea noturna do Atlântico Sul.
Os aviadores percorrerem 20.175 Km (incluindo o regresso) em diversas etapas, como era habitual na época, conseguindo ultrapassar múltiplas contrariedades que foram surgindo no percurso. Chegaram a Luanda no dia 18 de janeiro e a Benguela no dia 23, onde foram recebidos pelas autoridades locais e por uma assistência efusiva, como era habitual nestes eventos à época.
Após uma viagem de regresso sem grandes contrariedades, voltaram ao ponto de partida no dia 21 de fevereiro de 1931. O público afluiu em elevado número ao aeródromo da Amadora para assistir, pela primeira vez, ao regresso dos aviadores de uma grande viagem aérea. Após a aterragem foram recebidos de forma entusiástica por toda a assistência e entidades oficiais que os aguardavam. Depois de um Porto de Honra na Messe dos oficiais, Humberto da Cruz e Carlos Bleck foram conduzidos à Câmara Municipal de Lisboa, onde os aguardava uma sessão solene. Segundo a imprensa da época, foram acompanhados até Lisboa por “um cortejo de mais de 300 automóveis”.
Notícia no "Diário de Lisboa" sobre a chegada dos aviadores. |
Texto: Eduardo Rocha
Bibliografia:
- Catálogo “GEAR – O Grupo de Esquadrilhas de Aviação República, Exposição Temporária, 21 de maio de 2016 a 14 de maio de 2017”, Ed. Núcleo Museográfico do Casal da Falagueira, CMA. pp. 22.
- PEIXOTO, M. Lemos, Homens e Aviões na História da Amadora, Ed. CMA.
- GUEDES, J. Correia (2022) - Nas asas do império, Visão História. 69 - Aventureiros Portugueses da Aviação, pp. 60.
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