Cruzeiro Aéreo às Colónias - 1935

 A última epopeia da história da aviação na Amadora teve o seu começo no dia 14 de dezembro de 1935, numa época em que a evolução tecnológica ia tornando cada vez mais frequentes e regulares os voos de média/longa distancia.

Neste caso tratou-se de um voo em esquadrilha, tendo por objetivo efetuar um périplo pelas várias colónias portuguesas em África, com regresso final à metrópole. Denominada de “Cruzeiro Aéreo às Colónias”, participaram nesta viajem 9 aviões, oito “Vickers Valparaíso III” e um “Junkers W-34”, com 12 pilotos aviadores e 7 mecânicos.

O Junkers e os 8 Vickers alinhados no campo da Amadora antes da partida (foto Arquivo FAP)

Esta viagem tinha por objetivo sensibilizar o poder politico para a concretização de ligações aéreas com as colónias e estabelecer uma base de aviação militar nas colónias, reforçando desta forma a soberania portuguesa, face ao que as restantes potencias europeias estavam a concretizar, com ligações aéreas estabelecidas 

O Almirante Gago Coutinho e alguns dos oficiais que participaram no "cruzeiro" (Foto Arquivo FAP)

Na partida do antigo aeródromo na Amadora estiveram presentes diversos dignitários e muito publico, com grande cobertura pela imprensa nacional da época, tendo igualmente sido feito um pequeno documentário, que se encontra disponível para consulta na Cinemateca Digital:

Link Video - A LARGADA DAS ÁGUIAS:

A viagem incluiu passagens pela Guiné, Angola e Moçambique, num percurso com um total de 30.375 Km. No entanto, a viagem seria bastante atribulada, sendo completada apenas por 3 aviões. No dia 23 de dezembro, durante a etapa Bolama - Kayes, o avião de comando, o Junkers W-34L pilotado pelo major Cifka Duarte, teve uma falha de motor e ficou imobilizado em Tambancounda, no Senegal. 

Dos 8 Vickers Valparaíso III que chegaram a Moçambique, apenas 3 puderam efetuar a viagem de regresso, devido a questões técnicas nos aviões e a problemas de saúde da maior parte dos tripulantes.

Reabastecimentos numa das paragens em Africa

A 8 de abril de 1936 regressaram à Amadora o Major Pinho da Cunha, os Capitães Joaquim Baltazar e Moreira Cardoso e os mecânicos Simões, Dinis e Ramos, existindo igualmente um testemunho em filme da chegada, disponível para consulta na Cinemateca Digital:

Link video - CHEGADA DA VIAGEM AÉREA LISBOA-LOURENÇO MARQUES-LISBOA:



Mapa com percurso efetuado.

Texto: Eduardo Rocha

Bibliografia:

- Catálogo “GEAR – O Grupo de Esquadrilhas de Aviação República, Exposição Temporária, 21 de maio de 2016 a 14 de maio de 2017”, Ed. Núcleo Museográfico do Casal da Falagueira, CMA, pp 27.

- JÚNIOR, J. Plácido (2022) - Para Africa, sem medos, Visão História. 69 - Aventureiros Portugueses da Aviação, pp. 64-67.

- PEIXOTO, M. Lemos, Homens e Aviões na História da Amadora, Ed. CMA.

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