Chafariz da Porcalhota
Constituindo a principal via de ligação entre Lisboa e a parte ocidental da região, ao longo da antiga Estrada Real (que atravessava o atual território da Amadora) existem diversos chafarizes que serviam de apoio não só aos viajantes, mas também ao habitantes locais. Um dos mais emblemáticos é o chafariz da Porcalhota.
Este chafariz teve a sua origem na identificação de uma nascente, aquando da construção do Aqueduto Geral das Águas Livres, na zona da antiga Porcalhota. A Câmara Municipal de Lisboa mandou aproveitar essa nascente, tendo-se construído uma bica de pedra na segunda metade do séc. XVIII, que saía da própria parede do Aqueduto, com um tanque adossado para utilização pública.
| Elementos do Instituto Câmara Pestana analisam a água em março de 1912. (Ilustração portuguesa, nº317 de 18/03/1912) |
Os habitantes da vizinha Porcalhota pretendiam no entanto, que a água fosse levada para um local mais próximo e central, pelo que solicitaram à Câmara que a água fosse conduzida até à Estrada Real de Lisboa-Sintra e aí se construísse um chafariz. Essa pretensão apenas seria equacionada a partir de 1849. Mas os proprietários da vizinha Quinta do Bosque opuseram-se a esta pretensão, argumentando numa primeira fase que iria obstruir o acesso às cocheiras da Quinta. Posteriormente, pretendiam a posse dos sobejos do chafariz, para serem aproveitados para regas na Quinta. A disputa seria decidida a favor da população, tendo esta contribuído com materiais diversos para a sua construção.
| Localização original do chafariz. (Foto Museu Municipal de Arqueologia da Amadora) |
Inaugurado a 29 de outubro de 1850, contou com a presença do Mestre Geral das Águas Livres, o Fiel do Partido do lugar, o Fiel de D. Maria, o escrivão do Juiz Eleito e os habitantes locais.
O Chafariz situava-se originalmente junto à Estrada Real Lisboa-Sintra, no cruzamento desta com a Estrada que vinha da Falagueira em direção à Reboleira e à Damaia. Possuía duas bicas qua saiam de um corpo central, onde ainda hoje é visível a gravura de um barco e a inscrição “C.M. 1850”. Dispunha igualmente de um amplo tanque para o gado e os seus sobejos corriam ainda para um tanque de lavadeiras que se situava um pouco mais abaixo, na direção da Reboleira.
| Localização original do chafariz. (Foto Museu Municipal de Arqueologia da Amadora) |
No início de 1912, decorreu um inquérito e análise à qualidade da água do Aqueduto das Águas Livres, que inclui a água do Chafariz da Porcalhota, sendo de referir a reportagem incluída na Ilustração Portuguesa, n.º 317, 18 de Março de 1912, que inclui interessantes fotografias do chafariz e zona envolvente.
Já na década de 60 do século XX, a prevista ampliação da rede viária colidia com a localização do chafariz, pelo que este teve de ser removido do local, sendo posteriormente implantado num largo próximo, a Praceta Quinta da Conceição, junto à Estrada da Falagueira, onde hoje se encontra.
| Armas de Lisboa e inscrição “C.M. 1850” no chafariz. (Foto ARQA) |
| Visita da ARQA ao atual local do Chafariz. (Foto ARQA) |
Texto: Eduardo Rocha
Bibliografia:
XAVIER, Gabriela (2013), Pela Estrada da Porcalhota, Catálogo de Exposição Temporária, Edição Câmara Municipal da Amadora, pp 21-22.
CALIXTO, Vasco (1987), “Páginas da História da Amadora”, Ed. Câmara Municipal da Amadora, pp. 39-41.
Fontes Internet:
Ilustração Portuguesa - 2.ª série, n.º 317, 18 de Março de 1912


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